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Itamaraty acusa EUA de “intromissão indevida” em assuntos do Brasil

Ministério das Relações Exteriores do Brasil classificou as recentes manifestações diplomáticas dos Estados Unidos, por meio do Departamento de Estados do país, como uma “nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade” dos Poderes brasileiros. A declaração aconteceu nesta terça-feira (15/7), por meio de um comunicado oficial.

“O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro”, diz um trecho da nota publicada pelo Itamaraty. “Tais manifestações não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países.”

Nessa segunda-feira (14/7), o subsecretário do Departamento de Estado dos EUA, Darren Beattle, comentou a taxa de 50% imposta por Donald Trump contra o Brasil. De acordo com o diplomata, a medida foi uma resposta às decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em seguida, a embaixada dos EUA no Brasil também falou sobre a retaliação norte-americana contra a economia brasileira. Segundo a representação diplomática, a tarifa e as declarações de Trump são respostas a “ataques contra Jair Bolsonaro”.

O ex-presidente é apontado como o líder de uma organização criminosa que planejou realizar um golpe de Estado em 2022. Atualmente, ele enfrenta julgamento no STF e pode receber pena de até 43 anos. Apesar das investigações, Trump usou tarifas para pressionar por um fim do caso contra Bolsonaro – que atualmente está inelegível por abuso de poder político.

Em fevereiro, a diplomacia norte-americana já havia se manifestado sobre assuntos brasileiros, ligados ao Poder Judiciário.

Na época, o Bureau de Assuntos para o Hemisfério Ocidental classificou as decisões de Moraes contra plataformas digitais como “censura”. Meses depois, o secretário de Estado Marco Rubio confirmou que o ministro brasileiro poderia ser alvo de sanções vindas dos EUA.

Negociações

De acordo com o Itamaraty, o governo brasileiro tem negociado relações comerciais com os EUA desde março, antes mesmo do tarifaço de Donald Trump.

Apesar da atual taxa de 50%, o governo Lula permanece “disposto a dar sequência a esse diálogo em benefício das economias, dos setores produtivos e das populações de ambos os países”, afirmou a chancelaria brasileira.

Sobre a recente escalada econômica entre Washington e Brasília, o Itamaraty disse que a “politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação”.

De acordo a embaixada dos EUA no Brasil, duas reuniões com autoridades e atores brasileiros foram realizadas desde o anúncio da taxa de 50%. Uma delas entre o encarregado de Negócios norte-americano, Gabriel Escobar, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em Brasília. A outra contou com a presença de empresários paulistas.

Fonte: Metrópoles